segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

#Meus Trapos II - E se Voar?

Pela milionésima vez constatou que estava farta.
Cansada de ser tomada de assalto, levada na onda do desespero, possuída por sentimentos de indignação e inutilidade. Frustrada intimamente e visivelmente destroçada, prostravasse diante daquele quadro que, em tempos, iluminou a sua avó naquele mesmo quarto. Desiludida por não possuir mais nada em que valesse a pena acreditar rendeu-se a um pranto de mágoas desejosas por emergir nas sombras da noite.
E se se permite-se endoidecer ou simplesmente cometer loucuras mais loucas do que as que já cometia? Se se permitisse passar pelas frechas mais estreitas, equilibrar-se sob cordas finas e baloiçar-se na corda bamba desafiando as leis gravíticas e tantas outras leis da física que, no fundo, sempre a incomodaram devido à perfeição com que tão certa e consistentemente ditavam o futuro dos acontecimentos que à partida lhe pareciam tão abstractos? E se se permitisse ter momentos certos de imperfeição para não deixar morrer o bichinho perfeccionista que lhe pedia sempre mais?
E se corresse como louca, pela muralha rochosa e estreita, sem medo de tropeçar e cair, para a sua primeira e única experiencia de voo?
Podia não ter asas, mas isso não significava que não podia voar, nem que fosse só uma vez.

Foto e texto por: Siri Ahcor

2 comentários:

  1. MEU DEUS ÍRIS . Muito divo . Perfeitão . Me identifiquei total . Sério mesmo . Que medo .

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  2. Oi, Íris, obrigado pelo comentário lá no post sobre mim! Lindo blog o seu;-) Quem sabe um dia meu "Todas as estrelas do céu" não chega a Portugal?! Um beijo de além-mar! Enderson

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